30 de abril de 2008

O MAESTRO E O SEGREDO DA PIRÂMIDE parte I


I
Um zunido estranho


Vou de manhã à escola, mas meu sonho verdadeiro é ser maestro. Por isso todas tardes de segunda e quinta tenho aula de música. Nos outros dias, trabalho como ajudante no escritório do meu tio. Carrego pacotes e dou recados. É um trabalho normal, que faço para poder pagar o professor de música, o Zuya. Ele gosta da Janice. Essa é minha prima. Moro na casa dela e nos damos super-bem.

Crianças corriam com mochilas cheias. Meus colegas vinham falando e me juntei a eles. Eram quase 7:30 da manhã e nossas aulas começariam logo. Em minha classe, a oitava série, éramos garotos e garotas normais, como em qualquer escola. Por exemplo, o Ono. Como bom nissei, ele é fascinado por ciências exatas, em particular Matemática. Sabe calcular rapidamente. Mantém-se calado durante longo tempo, até quando surge algum exercício de lógica, problema técnico ou algo parecido. Aí ele se concentra e logo apresenta a solução. Preto é um rapaz grande. Ele é o mais veloz da nossa escola. Me derrotou na corrida de 100 m e depois venceu contra garotos das classes mais avançadas. Representou a escola numa competição de escolas da nossa cidade. Seu sonho é ser jornalista. Artur é eloquente e as meninas pagam o maior pau pra ele. Alguns o acham orgulhoso demais e tem gente que não vai com a sua cara. Mas a maioria gosta dele. O franzino Pinguinho é bom no que? Bem, ele é um amante da Geografia. Achamos chatos seus papos sobre ecologia. No começo do ano conversava tanto com garotas, que começou a pegar mal.

A quadra do colégio é onde nos encontramos para conversar nas pausas. Fica na parte de baixo e é ligada com a entrada por um corredor lateral e por uma escadaria.

Um vento úmido de março passava quando descíamos por essa escada para o pátio. Nossas vozes se juntaram ao barulho que vinha de lá. Se alguém fosse prestar atenção ao todo, não entenderia nada, de tão misturadas estavam as vozes. Já embaixo, sobre o piso do pátio, escutei meus colegas falarem sobre um programa de tevê. Do outro lado, falavam sobre meninas da nossa classe. A gorda e a Cynthia: paquera de muitos. Ouvia todas as conversas só de olhar e logo já estava cheio de ouvir tanta bobeira. Logo mais o portão na entrada se fechou e as salas de aula no térreo e no andar superior foram se enchendo de alunos.

Ainda antes da aula começar, eu e meu colegas estávamos juntos quando apareceu um estranho. Cabelos e barba escuros, fisionomia sem particularidades, um pouco magro. Ninguém dava importância para ele, pois lembrava outros funcionários do Colégio.

Logo trouxe uma escada, a qual postou com cuidado defronte ao quadro. Em seguida surgiu com uma tábua. Preto e Artur começaram a se interessar e subiram em cadeiras para ver o que fazia. Fixou uma tábua de madeira na parede. Preto falou algo, mas ninguém acreditou. Artur disse que era um prato e teve gente que já foi espalhando isso quando alguns alunos desmentiram dizendo: sobre a tábua havia uma pirâmide de madeira.

Aproveitamos a pausa do recreio para visitar outras classes e encontramos em várias salas os mesmos elementos geométricos do mesmo feitio. No decorrer do mesmo dia instalaram outras peças em todos os recintos do Colégio. De agora em diante estaríamos sob o signo da pirâmide.

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