24 de abril de 2008

CUIDADO AO COMER PEIXE

Você já conhece nosso paraíso? Bem, temos um laguinho artificial aqui no jardim. Vamos lá ver.

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Pois bem, aqui está. O que acha? Logo no primeiro dia o habitou um besouro que sabe nadar. Muito feliz fui cumprimentar o primeiro habitante. Coloquei minha mão na água ainda clara para saudar o pequeno ser vivo. Ele me mordeu e passei alguns dias mal, de febre na cama. Mas você me conhece, sou forte. Para mim, isso já passou.
Depois vieram insetos, libélulas, vermes, pequenos crustáceos e, entre outros mais, vários peixes e duas rãs. Ficamos olhando como os bichos se sentiam e tudo estava muito bem. É verdade, os sapos não gostavam muito um do outro. Ficavam de picuinha entre si e era só um chegar muito perto do outro, este soltava um "Crep" sinalizando perigo. Mas, no mais, a paz reinava e todos os bichos se multiplicavam no laguinho. Claro, todos menos os sapos.

A vida quis, porém, através da lei de Newton... ops, não, essa é a lei que move as maçãs todas das macieiras para baixo... Sim!, a lei do Darwin quis que um dos sapos fosse desaparecer. E tudo por causa de sua gula. Explico.

O que acontece quando está anoitecendo? Ficamos vendo o laguinho. Ô coisa boa de ficar olhando pra se findar um dia na paz! O expediente acabou e o crepúsculo nos apresenta um grande espetáculo da natureza! O interessante é que a essa hora o laguinho começa a ficar mais movimentado: uns insetos precisam descer para abastecer ou desovar e prontamente uns peixes pulam d'água para receber a hóstia de Deus, em forma de mosquitinho. Mas nem todo peixe que pula para fora da água acha o caminho de volta. Ou pelo menos um não achou.

O fato é que certos peixes não sabem que do lado de cá as leis físicas são outras que dentro d'água. Daí calculam errado o impulso para o ar e o vôo acaba mais longo que planejado. Caem sobre uma folha de uma dessas Vitórias-régias. Negócio louco! O peixe fica ali se abatendo sobre a folha, até alcançar novamente o seu lar, a água, são e salvo!

As duas rãs ficavam como que cada qual na sua, sempre se estranhando. Era uma chegar perto da outra: glup, pletch, crep e pletch. Às vezes pulavam para longe quando um peixe chegava muito perto deles: outras horas as rãs ficavam paradas, e de repente pulavam sobre um inseto. Um espetáculo da natureza!

Uma das rãs, a maior, dotada de suculentas pernas, estava assistindo um peixe sobre a vitória-régia. Meu amigo e eu tomávamos uma cerveja e ele me cutucou pra avisar que apostava que a rã iria pular. Quando eu já ia apostar o dobro, a rã pulou pra cima do peixe, com a boca aberta. Ficamos os dois de olhos abertos, vendo o que acontecia em nossa frente, ali no laguinho: com uma de suas patas a rã empurrava o rabo do peixe pra dentro, parecia que o pobre ser aquático ainda vibrava dentro de sua boca! A rã o foi engolindo conforme ele se movia. O que parecia ser um problema, porém, era o tamanho do peixe. O seu comprimento era mais ou menos igual ou até um pouco superior ao da rã. Esta ficou onde estava algum tempo e, depois que sentiu que o peixe havia rebatido no fígado, deu umas braçadas para a margem. Ficou lá, na borda da água, fazendo as vezes de paisagem.

Desde esse dia, que foi há quase mais que uma meia lua inteira, nunca mais avistamos essa rã. Dizem as más línguas que se foi para outros laguinhos, onde anfíbios, com auréolas sobre a cabeça, cantam gospel.

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