O tonel de ferro faz sons: dilata, expande e o gelo dentro de si se solta da parede interior. Também há icebergs a se desfazer da mesma forma em outros tonéis, aquecendo e esquentando, constantemente, nos últimos dias. Os corvos de tocaia sobre a casa aquecem-se ao lado das chaminés sem vapor. Quando o sol atinge o seu brilho máximo no inverno, aquele brilho intenso tinge as penas lustrosas dos corvos, que iniciam suas brincadeiras e picadas inconsequentes na chaminé de ferro.
Saiam, saiam, corvos, gritamos! E eles respondem: saiam, saiam vocês!
Torrões de tinta se soltam dos tonéis e caem nos caibros. O chão e o céu, entre eles nenhum telhado. (Mas há os corvos pretos, desenhos brilhantes de lilás, verde e preto pintados no céu claro.
A água se condensa ao redor dos tonéis e se mistura à tinta. Criam-se poças e rios que confluem. É enchente. O tempo, como numa peça de teatro, não pede licença. E o calor vai degelando.
Os corvos novamente: saiam, saiam.
Então saio com asas ágeis cortando o ar frio pela sombra. Um contemporâneo me diz: aí estás, agora é pra valer, é primavera! E se joga contra mim. Desvio por pouco de sua bicada e golpe. Mas contra-ataco, meio sem jeito, mas com maestria. Faço minhas asas se avolumarem e mexo-as para cima e para baixo. A demonstração de força e tamanho mete medo.
Os corvos, nas chaminés, anunciam o vencedor: eu.
Orgulhoso, tomo meu lugar sobre árvores altas ou chaminés e canto belamente o canto nostálgico do fim da tarde.
Um comentário:
obrigado pela visita ao Casa de Paragens e pelo poema do Rilke. vou tentar achar uma tradução, que alemão pra mim é impossível :)
abraços
Rubens
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